Minha primeira Maratona

Esse post tem participação especial do Luiz Valloto, amigo querido que irá nos contar seus momentos de superação para enfrentar a sua primeira maratona. Que a história dele sirva de motivação para todos que pensam ser impossível alcançar um sonho:


“Descrever a maratona para alguém que nunca correu, é como tentar explicar as cores para quem nasceu cego” (autor desconhecido)


 Essa frase resume bem o meu sentimento após concluir a minha primeira maratona. Acho que é algo que não dá para descrever em palavras, uma sensação única que só quem corre sabe o que é. Falo isso, pois muitas vezes, desde quando entrei para o mundo das corridas, as pessoas que não correm acham um máximo o fato de você correr a São Silvestre (e no caso já corri duas) e todos pensam que ela é uma maratona, mas nós (corredores) sabemos que não é bem assim. Antes de tudo, preciso falar um pouco sobre a minha história e como decidir correr uma Maratona.

O começo

Decidi começar a correr no final de 2013, após conferir de perto uma São Silvestre. Naquele ano, fui apenas para assistir e a vibração daquelas pessoas era incrível, uma energia muito boa que me deixou arrepiado. Eu, com 135kg na época, coloquei como meta correr a São Silvestre do ano seguinte. Muitos duvidaram, mas a cada pessoa que hesitava, eu tirava força para seguir adiante.

Em 2014, comecei a minha caminhada e que caminhada, eram quase 2h por dia, durante quase 8 meses, para emagrecer uns quilinhos e chegar bem no final do ano. A cada mês que passava, via que a minha determinação estava surtindo efeito. Eram quilos eliminados (sim, eliminados, pois quem perde acha e eu não quero achar eles nunca mais hehe) e conseguia fazer os primeiros trotes.

Minha primeira prova foi em novembro daquele ano, 10k, no Circuito Athenas (naquela mesma corrida, tinham muitos malucos que iriam fazer 21k e eu achava aquilo impossível e ao mesmo tempo demais kkk). Fiz os 10k sem muitos sofrimentos, em 1h02 e me senti o máximo e pronto para a São Silvestre.

31 de dezembro chegou. Acordei empolgado e fui com os meus pais para a Avenida Paulista. Meu Deus, quanta emoção! Durante os 15k passou um filme pela minha cabeça, um filme ao qual eu era o protagonista. Terminei em 2h, curti demais cada km e o tempo para mim, era o que menos importava naquele momento. Era uma vitória pessoal, uma batalha travada comigo mesmo. Nesse um ano de preparação, eliminei 40kg!



O meio… ops! a Meia, a Meia Maratona

Em 2015, meu objetivo mudou, queria fazer uma meia maratona (21k), sim aquela distância que achava loucura de se fazer e quem sabe impossível. Mas uma coisa que aprendi com a corrida, é que nada é impossível para quem tem sonhos!

A prova que escolhi, aquela mesma que fiz pela primeira vez, o Circuito Athenas (tenho um carinho por essa corrida), mas dessa vez não seriam 10 e sim 21. Confesso que estava muito ansioso, mas a cada km, a confiança veio e fiz daquela meia maratona, a melhor possível! Terminei abaixo das 2h (1h54) prevista e fiquei muito feliz e queria mais. Foi aí que decidi fazer a minha primeira MARATONA! Se eu achava loucura quem fazia 21k, imagina quem se arriscava nos 42k???

Não hesitei e logo me inscrevi para a Maratona de São Paulo de 2016, para muitos “A mais difícil de todas”.

O fim… ou melhor, o RECOMEÇO

Vamos ao que interessa nesse post (risos)! Como muitos dizem, é na maratona que se separam os homens dos meninos! A distância de 42k, requer muita dedicação, tanto nos treinos quanto na alimentação! Com isso, no início do ano, procurei uma assessoria esportiva (Nova Equipe, do treinador Emerson Bisan) e uma nutricionista (Claudia Lopes Larroyd)! A prova seria no dia 24 de abril e durante os 4 meses de preparação, posso dizer que tive o melhor acompanhamento possível e digo: isso fez toda diferença durante a prova! Aqui, vai o meus agradecimentos especial aos dois!

“Treinar para uma maratona é uma ato de fé. Correr uma maratona é um ato de coragem. Com fé e coragem, pessoas comuns podem fazer grandes coisas” (Randy Essex)

Quando decidir virar maratonista, em agosto do ano passado, várias dúvidas e inseguranças surgiram em minha mente, será que eu terminaria bem? Conseguiria correr o tempo todo? Até lá, tinha oito meses de preparação, mas mesmo assim, os 42k não saiam da minha cabeça! Comecei os treinamentos em janeiro de 2016, na assessoria esportiva Nova Equipe, pois antes disso, treinava por conta própria e sabia que necessitaria de um acompanhamento profissional para terminar bem.

Ao conversar com os companheiros de treinos, todos me alertavam sobre a dificílima Maratona de SP, a qual tinha escolhido para ser a minha estreia nos 42k. Com isso, mais dúvidas vieram na minha cabeça, creio que era mais insegurança de não completar a prova! Não queria fazer tempo e sim terminar bem e correndo o tempo todo, essa era a minha meta! Mas por que São Paulo? Porque São Paulo é onde nasci, cresci e vivo por mais de 25 anos. Nada mais justo de fazer a minha estreia aqui em casa. São Paulo tem todos os seus problemas, mas apesar dos pesares amo essa cidade.

Dia 24 de abril, o dia D chegou! E a ansiedade só aumentava. Não conseguir dormir direito a semana inteira e no dia, a insônia só aumentou. Para minha surpresa minha mãe aceitou o meu convite e foi acompanhar a corrida. Coisa fora do comum, pois ela só ia à São Silvestre, que para muitos é o auge do corredor, e não sabia a diferença de uma prova para outra, para ela tudo era a mesma coisa. E ela nem imaginava que ficaria esperando o filho por mais de 4h. Tadinha!



“Maratona não tem improviso. Não dá para ter a ideia de correr de uma hora para outra. Ou de treinar pouco. Você não termina, morre no caminho. É uma prova interessante que precisa de planejamento durante o percurso. Tem de pensar no quilômetro 40. O esforço é o mesmo do cara que ganha, que também corre no limite para chegar em duas horas e pouco…” (Dráuzio Varella)

Temperatura alta (os termômetros marcavam 30ºC), umidade baixa, e percurso que não era nada fácil, me deixaram mais preocupado! O medo de quebrar durante a prova era enorme! Mas fui cauteloso no início, assim como meu treinador pediu. Mantive o ritmo o mais confortável possível, estava com pace de 6′ durante boa parte da prova, com a companhia do meu companheiro de equipe o Aventino. O que me deixou mais tranquilo! Na largada tem gente que vai correr 3, 5 e 15 milhas, e isso faz ter muita gente até o km 10, o que atrapalha um pouco o ritmo da corrida.

Durante toda prova, a parte mais difícil para mim, foi na USP, quando entramos nela metade da prova já tinha ido. O ambiente quieto e de festa no km 24 (onde o pessoal das 15 milhas completavam a sua corrida) é um convite para desisti. Confesso que isso passou algumas vezes pela minha cabeça. Tentei me desligar de tudo em minha volta e seguir adiante. Até que chega o trecho crucial da prova, pelo menos para mim, a saída do Túnel Tribunal de Justiça (km 40). Nesse momento, existe uma subidinha (normal de todos os túneis), onde a grande maioria dos corredores estava caminhando ou passando mal e eu no trote leve e me desligando de tudo ao meu redor (não queria parar de correr em nenhum momento, esse era meu objetivo), mas naquele momento, pensei em várias vezes parar e ir andando.

Até que avistei o pessoal da equipe e aquilo me deu um ânimo final. Todos gritavam o meu nome e dava apoio para concluir os últimos 2k. Aquilo foi fundamental! Ganhei até chocolates (risos). Pronto, coloquei na cabeça que iria concluir e com um sorriso no rosto. No km final, encontrei o Rogério, companheiro de equipe e uma pessoa muito especial, ele estava me esperando para corrermos juntos o final. Logo mais a frente, encontro a sua esposa, a Solange, outra querida, os dois correram os últimos metros comigo. Foi emocionante demais!

Quando entrei no funil de pessoas, o restante da equipe estava lá junto com a minha mãe, que foi acompanhar a corrida, gritando o meu nome. Foi lindo demais! Só não chorei, pois creio que as lágrimas foram com o suor! Terminei a prova em 4h21, tempo brilhante por ser a minha estreia e em uma prova dificílima com a de São Paulo.

No final, a minha escolha por São Paulo teve a sua resposta! Correr em casa é outra coisa, creio que se eu escolhesse outro lugar para estrear, não teria o apoio da minha mãe, nem todos da equipe estariam presentes, nem alguns amigos! Por isso, a Maratona Internacional de SP, foi e será inesquecível para mim. E em 2017, estarei presente novamente. Não terá o mesmo glamour da primeira, mas sempre terá um gostinho especial!

Ah, e por que recomeço no subtítulo??? Pois, finalizei um ciclo e novas metas já estão na mesa ou melhor nas pixtas… #correvalloto 


Obrigada Lú pela participação! Que venham muitas superações e alegrias em sua vida!

@gatasnapixta



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