Pernas de Aluguel: Emoção de cruzar a linha de chegada em dobro

Hoje queremos motivar todos os corredores! Nosso amigo Luiz fez sua segunda maratona de uma forma muito especial, e conta pra nós a experiência incrível que viveu:
As provas da Asics sempre são bem vistas pelos corredores, seja pela organização desde a retirada do kit até o fim da prova, quanto a estrutura montada para o corredores durante o percurso. Ano passado não conseguir participar da Golden Run 21k e quando abriram as inscrições para esse ano (depois de muita especulação) não pensei duas vezes. Com a promessa de um percurso inédito que passaria pelos principais pontos turísticos da cidade, fiz a inscrição para os 42k. Só que eu não imaginava que essa corrida teria um gostinho especial.


Quando completei a minha primeira Meia Maratona, em 2015, no Circuito Athenas, durante a corrida cruzei com um pessoal muito alegre e que mostrava uma disposição incrível. Naquela época, não sabia quem eram, mas me chamou a atenção, pois era um pessoal que ajudavam cadeirantes. Bom, aquilo ficou na minha cabeça e decidi que um dia correria com eles. Log após a prova, procurei informações e verifiquei que se tratava dos “Pernas de Aluguel”. Um projeto sem fins lucrativos que procura promover a diversão para pessoas com deficiência motora e proporcionar aos atletas voluntários a oportunidade de transformar a linha de chegada em algo mais especial do que normalmente é.

A partir desse momento me encantei com o projeto e ficava mês após mês verificando o calendário de corridas deles e vendo a possibilidade de me inscrever para uma corrida com eles. Então, foi aí que vi que eles estariam na São Paulo City Marathon. Com essa oportunidade, fiz minha inscrição no site e esperei os próximos passos.

Com a confirmação, fui informado que dois cadeirantes iriam para a prova, mas que fariam 21k. No entanto, quem tinha a inscrição para os 42k poderiam seguir em frente para completar a prova. Pois bem, sair de casa com o pensamento de que faria apenas os 21k, pois queria mesmo era me divertir com eles até o final.

O encontro

Como a largada seria às 6h20 (os Pernas saem no último pelotão), o combinado era encontrar todos 1h30 antes da largada, portanto às 4h50, em algum lugar no corredor de tendas de assessorias ou, se a organização permitisse, dentro da Praça Charles Müller, na lateral sentido saída do Pacaembu. No email que recebemos informa também para chegamos cedo pra dar tempo de localizar o grupo. Como combinado, cheguei cedo e logo procurei por eles.

A recepção foi a melhor possível, pessoas do bem e com um alto astral incrível. Antes da prova começar, conversei com o Marco, cadeirante que havia sido operado há pouco mais de um mês e que tem uma história de vida incrível e com uma disposição de dar inveja a qualquer pessoa. Com a Bia apenas fiz gestos, pois ela não escuta, mas recebe os sinais da maneira mais amorosa possível.

Antes da prova, o Edu Godoy, organizador do grupo, passa as instruções para todos, seja para quem já fez uma prova com eles ou para os novatos como eu. Entre uma fala e outra ele explica como conduzir o triciclo (existe no site o Manual do Condutor que explica tudo direitinho) e o mais importante para todos: DIVERSÃO. O que ele mais cobra é que todos do grupo se divirtam e que passem essa diversão para os demais corredores e staff da prova. Sempre com um sorriso no rosto e um sonoro BOM DIA e BOA PROVA.



A prova

Como disse, sair de casa com a intenção de correr 21k e fui para a largada com esse pensamento e seguir assim até boa parte da prova, pois queria terminar a prova com o Marco e com a Bia e comemorar junto deles. Durante o percurso, o revezamento na condução do triciclo é feita a cada quilometro. Em caso de subida, os demais corredores ajudam empurrando as costas ou até mesmo com uma mãozinha amiga no “volante”. Já na descida, temos que ter um controle maior do triciclo para não soltar e causar um acidente.

Não há uma pré determinação de quem corre com quem ou quem empurra quem. Isso acontece naturalmente ao longo do percurso. Quando você não está conduzindo o triciclo, sua função é ser o batedor, ou seja, teríamos que clarear o caminho para o companheiro condutor, avisar de sua chegada para os demais corredores, pegar água, avisar sobre buracos na pista, enfim, preparar um verdadeiro tapete vermelho para o condutor e o triciclo passarem sem maiores problemas.

Com isso, a prova foi passando. Confesso que não senti o quilômetros passarem, a alegria do pessoal era tanta que os km passaram voando. Eles tinham até um rádio que tocava música durante o trajeto todo e um microfone que animava a galera. Durante o caminho, fiquei sabendo que teríamos uma cadeirante nos esperando no 28km a Layla, filha do Erivaldo, que faria os 42k. Com essa notícia me animei para correr a minha segunda maratona. Quando cheguei na Brigadeiro decidir, vou para os 42k, para mim aquilo parecia loucura, pois eu não estava 100% preparado para encarar uma segunda maratona, mas aquelas crianças me levaram até a linha de chegada.

Quando chegamos no Ibirapuera tivemos que nos separar, quem iria para os 21k seguia um caminho os demais iriam para os 42k, foi uma despedida emocionante, mas sabíamos que nosso papel foi comprido naquela prova e que um anjinho nos esperava no 28km para finalizar com chave de ouro.

Eu e o meu amigo Caio, que conheci ali na hora e que fazia sua primeira corrida com o pessoal do PDA também, seguimos juntos. O grupo se separou cada um em seu ritmo. Chegamos no local e o Erivaldo estava lá esperando junto com sua filha. Entre trotes, corrida e caminhada seguimos assim até a linha de chegada. Confesso que eu não carreguei a Layla, ela quem me levou para completar a prova. E esse acho que é o grande objetivo do Pernas, nós não carregamos eles, são eles que nos carregam.

Emoção em dobro

A chegada de um maratona já é uma grande conquista e é algo diferente que só quem completa tal quilometragem sabe como é. A nossa chegada com a Layla foi incrível. Seu pai não estava aguentando mais, ele estava começando a sentir câimbras nos últimos kms e pediu para todos que ele levasse ela até o fim, pois se não fosse assim não terminaria a prova.

Nos últimos metros, a emoção tomou conta dele e do grupo. A cada grito do demais corredores era um sentimento diferente. Uma experiência única de união de pessoas que se conheceram ali naquele momento. Uma experiência que, na minha opinião, todos os corredores devem participar. O projeto Pernas de Aluguel é incrível e possibilita ao corredor um gesto de solidariedade a quem participa. Farei outras corridas com eles, sempre que possível, pois é muito bom ver a alegria das crianças.

Para mais informações sobre o Pernas de Aluguel basta acessar o site deles e verificar as provas que eles estarão participando: www.pernasdealuguel.com.br

Agradeço as meninas do blog pela oportunidade de descrever a minha experiência e espero motivar mais pessoas para vivenciar essa experiência única!

Luiz #correvalloto

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